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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

CREPÚSCULO

Rubens Pereira

Tenho comigo que o suicídio é uma forma de vida,
Não, não aludo ao post mortem, que duvido exista,
Somente o betume do nada sobrevive ao formicida,
Só mesmo as trevas, por muito que o crente insista

Refiro-me ao estancar da angustura mais dorida,
À paralisia abrupta da saudade que habita
Todos os cômodos da alma de matiz indefinida,
Ao desenlace do horror que -dizem- a arte imita

A paz é direito lídimo de quem, obstinado, envida
Os últimos arroubos no granjear da eternidade finita,
Do derradeiro suspirar que a essência consolida

Entardece de há tanto, pois a noite ainda hesita,
Alheada, sem prever que, se o suicídio é forma de vida,
Resta apenas desejar longa vida ao suicida...

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